quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Dicas de preparação, gastos e albergues para percorrer o Caminho de Santiago de bicicleta

Conheça detalhes importantes para quem quer pedalar no percurso dos peregrinos

O Caminho de Santiago de Compostela é uma das rotas mais procuradas por cicloturistas brasileiros em viagem ao exterior. Não é para menos, pois a rota, além de ser um local para reflexões profundas da vida, reúne beleza cênica, riqueza arquitetônica e histórica, estrutura de albergues e refeições muito acessíveis, boa comida e bons vinhos e ainda sinalização em todo o percurso.
Na coluna anterior abordamos outros tópicos importantes para o planejamento de uma viagem de bicicleta para o Caminho como: treinamento , época do ano, duração da viagem, trilha ou estrada, bicicleta, bagagem e como escolher entre sapatilha ou tênis.
Veja mais dicas sobre a viagem ao Caminho de Santiago:
Rota reúne beleza cênica, riqueza arquitetônica e histórica, estrutura de albergues e sinalização em todo o percurso/Arquivo pessoalRota reúne beleza cênica, riqueza arquitetônica e histórica, estrutura de albergues e sinalização em todo o percurso/Arquivo pessoal
Companhia aérea
Verifique as regras da companhia sobre a exigência para embalar a bicicleta e as dimensões máximas permitidas. Algumas companhias chegam a cobrar 150 euros por trecho voado, mas uma norma da ANAC determina que todos os voos que partem e retornam ao Brasil devem levar bicicleta sem custos. Confira antes de comprar a passagem qual a regra de ressarcimento do valor na companhia. Em geral elas indicam que o valor seja resgatado no balcão da companhia no aeroporto assim que retornar de viagem. É importante comprar os trechos internos na Europa vinculados ao voo do Brasil.
ANAC determina que todos os voos que partem e retornam ao Brasil devem levar bicicleta sem custo/Foto: arquivo pessoalANAC determina que todos os voos que partem e retornam ao Brasil devem levar bicicleta sem custo/Foto: arquivo pessoal
Chegando em Sant Jean Pied Port
Mesmo sendo o acesso de maior dificuldade, vale muito a pena começar de St Jean. A cidadezinha é encantadora e a subida dos Pirineus pelo asfalto apesar de dura é maravilhosa.
Se conseguir chegar de avião direto em Pamplona é melhor. De lá há possibilidade de pegar um ônibus para St Jean.
Se os horários do ônibus não derem certo, outra opção é ir de taxi. Há alguns especializados em levar bicicletas acostumados a fazer este trajeto como o Taxi Pamplona
Se não estiver com companhia para dividir um táxi, uma opção é ir de ônibus até Roncesvalles, para onde há mais horários. De lá dá para ir até St Jean de van ou pedalando. Mas se for pedalando é necessário lembrar que terá que fazer este trecho no dia seguinte de novo, no sentido inverso, então fará a subida dos Pirineus duas vezes.
Uma outra opção, principalmente se já estiver na França, é chegar por Bayonne, de onde parte trem para St Jean.
Outra fonte de informações de como chegar é o site Caminho de Santiago
Albergues
A preferência nos albergues é sempre dos peregrinos que viajam a pé, o que deve ser respeitado, pois a dificuldade deles é realmente muito maior do que a nossa de bicicleta. Se a lotação estiver alta, muitos albergues exigem que o ciclista espere até às oito horas da noite para se alojar, para terem certeza de que mais nenhum peregrino a pé vai chegar. Pode ser necessário sair após este horário e pedalar até o próximo albergue ou então sair à procura de um hotel.
Alguns locais são mais famosos e consequentemente os albergues ficam mais lotados. Procure evitá-los ficando alguns quilômetros antes ou depois, o que já pode ser suficiente para ter vagas.
Alguns lugares que ficamos, em alternativa aos lotados: Trinidad de Arre, logo antes de Pamplona. Mañeru, depois de Ponte La Reina. Torres Del Rio após Los Arcos, Rabé de las Calzadas depois de Burgos, Virgen Del Camino depois de León, Murias de Rechivaldo após Astorga, Molina Seca antes de Ponferrada. Outros locais muito procurados são Roncesvalles o Cebreiro, mas nestes nós acampamos, então não temos dicas de albergues próximos.
Para quem não se importa de sair com a viagem todinha planejada existe a opção de uma rede de albergues Bike Line que recebe ciclistas e as reservas podem ser feitas todas com antecedência no site Bicigrino.
A preferência nos albergues é sempre dos peregrinos que viajam a pé/Foto: arquivo pessoalA preferência nos albergues é sempre dos peregrinos que viajam a pé/Foto: arquivo pessoal
Acampamento
Uma boa opção para quem gosta de acampar e não se importa em carregar mais peso é levar a barraca. Existem vários campings, porém alguns só estão abertos no verão. É possível fazer acampamento selvagem, apesar de não ser declaradamente permitido. Sempre escolhemos um local isolado e não perturbamos a calma e ordem do lugar então não fomos incomodados nenhuma vez. Um ótimo esquema é pedir para armar a barraca em um gramado ao lado dos albergues. Combinávamos um preço para usar os banheiros e a cozinha e dormíamos tranquilos na barraca.
Utilizamos uma lista de campings da Canadian Company of Pilgrims, cujas informações são do “Guia official de Hoteles y Campings del Camino de Santiago” e vários sites. São eles: St Jean Pied Port, Aurizberri-Espinal, Pamplona, Puente La Reina - Gares, Estella-Lizarra, Logroño, Najera, Santo Domingo de La Calzada, Burgos, Castrojeríz, Carrión de Los Condes, Sahagún, Mansilla de Las Mulas, León, Villadangos Del Paramo, Hospital de Orbigo, Santa Catalina de Somoza, San Marcos, Santiago de Compostela (Camping As Cancelas). Este camping de Santiago é ótimo e fica apenas a três quilometros do centro.
Gastos
Para quem vai ficar em albergues e comer “menu do peregrino”, o gasto diário por pessoa, economizando, gira em torno de 30 euros. Para nós que acampamos (sendo metade das vezes em camping selvagem), ficou em 14 euros por dia por pessoa.
Preparativos e Informações
É interessante adquirir sua credencial antes de ir para a Espanha na Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela. Mais informações no site.
Um site bastante informativo é o American Pilgrims com um glossário de termos de bicicleta em inglês e espanhol.
Outra fonte de informações é o Mundi Camino.
Para planejar o dia a dia do Caminho é recomendável ter um guia impresso, praticamente todos os peregrinos usam um. Há os mais pesados e completos e os mais compactos e leves, porém com menos informações, cada um faz uma opção. Utilizamos um pequeno, somente com o essencial, que compramos em Pamplona: Ed.Rother – Guia Excursionista - Camino de Santiago, por Cordula Rabe.
Para entrar na Europa é obrigatório ter um seguro de saúde no valor de 30 mil dólares. Havia um convênio entre os sistemas de saúde do Brasil e Espanha, o que não substitui este seguro, mas era uma segurança a mais. Atualmente esse convênio não está mais em vigor, somente para Portugal, Itália e Cabo Verde. Estes acordos internacionais são transitórios, vale a pena checar na época que for fazer sua viagem pelo site do Ministério da Saúde, Setor de Acordos Internacionais
São incontáveis os ônibus chegando por dia com turistas para conhecer a Catedral/Foto: arquivo pessoalSão incontáveis os ônibus chegando por dia com turistas para conhecer a Catedral/Foto: arquivo pessoal
Final do Caminho
A chegada em Santiago de Compostela foi um tanto assustadora após tantos dias de trilhas e cidades pequenas. É uma capital de província, com todo movimento que isso gera, além de ser um importante ponto de peregrinação religiosa e turística. São incontáveis os ônibus chegando por dia com turistas para conhecer a Catedral. Achamos mais de acordo com o clima da viagem finalizar no mar, dois dias mais adiante, em Finesterre. Apesar de bem turística, a cidade não era tão movimentado quanto Santiago. Fizemos a volta para Santiago de ônibus, há vários horários por dia e é possível levar a bicicleta no bagageiro sem problemas. A cidade de Muxia, também no litoral, pode ser outra boa opção para finalizar o Caminho.
Se você está colhendo informações sobre Santiago de Compostela então sua aventura já começou, Buen Camino!

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