segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Nota em Solidariedade aos Quilombolas de Oriximiná Ameaçados pela Mineração

Manifeste você também sua solidariedade, compartilhe a nota por e-mail e nas mídias sociais com os dizeres: 
Eu também apoio! #QuilombolasOriximina #TerraTituladaJa #MineracaoNao

As organizações abaixo-assinadas vêm à público expressar sua solidariedade 
aos quilombolas de Oriximiná, no Estado do Pará, ameaçados pela exploração 
minerária em seus territórios tradicionais e desrespeitados em seu direito à consulta livre,
 prévia e informada.

O empreendimento é da maior produtora de bauxita do Brasil, a Mineração Rio do Norte (MRN)
 cujos os acionistas são poderosas empresas nacionais e internacionais: Vale, BHP Billiton, 
Rio Tinto Alcan, Companhia Brasileira de Alumínio, Alcoa Alumínio, Alcoa World Alumina, 
Hydro e Alcoa Awa Brasil Participações.

Em 2013, o IBAMA concedeu Licença de Operação (LO 1172/2103) à Mineração Rio do 
Norte para exploração do platô Monte Branco parcialmente incidente na Terra Quilombola Moura.
  A Licença de Operação foi outorgada sem consulta prévia aos quilombolas, sem um estudo
 para avaliar os impactos para essa população e sem o estabelecimento de medidas 
mitigatórias e/ou compensatórias aos quilombolas. 

O fato foi denunciado ao Ministério Público Federal, ao IBAMA e a Fundação Cultural Palmares 
sem que tenham sido tomadas, até o momento, medidas efetivas para reparar tal situação.

Outros quatro platôs incidentes nas Terras Quilombolas Alto Trombetas e Jamari/Último
 Quilombo encontram-se atualmente em processo de licenciamento ambiental 
(Cruz Alta, Cruz Alta Leste, Peixinho e Rebolado) com previsão de início da lavra em 2021. 
 
Em 2012, o ICMBio concedeu a MRN autorização para as pesquisas geológicas na área 
desses platôs dentro dos limites das terras quilombolas sem consulta ou informação prévia. 
Tais pesquisas envolveram mais de 60 funcionários, equipamentos pesados,
 abertura de ramais e desmatamento dentro dos limites das terras quilombolas.

Os quilombolas denunciaram a situação ao Ministério Público Federal que Recomendou o
 cancelamento da autorização até a consulta livre, prévia e informada. O ICMBio
 acatou a Recomendação e em janeiro desse ano a autorização foi cancelada.

A partir desse fato, a MRN e a Fundação Cultural Palmares deram início a uma forte pressão 
para que os quilombolas manifestassem sua concordância com os estudos confrontando
 o direito ao consentimento livre, prévio e informado.

Desde fevereiro, reuniões vem sendo promovidas pela Fundação Cultural com os quilombolas
 a suposto título de informação mas que, na verdade, são tentativas de constranger os
 quilombolas a rapidamente aceitarem a realização dos estudos da mineradora. 

Tais reuniões tem sido agendadas no atropelo desrespeitando as diversas instâncias de
 decisão dos quilombolas e sua forma tradicional de deliberar, favorecendo a divisão
 entre as comunidades. As reuniões têm contado com a ostensiva participação da MRN e 
mesmo de políticos locais na defesa da empresa. Até hoje, os quilombolas não contam
 com as informações básicas sobre os estudos geológicos e os estudos de impacto
 ambiental planejados para ocorrerem ainda esse ano.

A Fundação Palmares não cumpriu compromisso assumido ainda em fevereiro de 2013
 de elaborar proposta de plano de consulta para nortear o processo de informação,
 diálogo e construção de acordos com a MRN.  E pior, a Fundação Cultural Palmares vem 
repetidamente alegando que a consulta não é necessária na etapa dos estudos,
 contrariando o princípio básico da consulta que é ser prévia. 

A pressão continua comprometendo os princípios da boa fé e da liberdade.
 E a principal reivindicação dos quilombolas que é a titulação de suas terras está esquecida.
 As Terras Quilombolas Alto Trombetas, Jamari/Último Quilombo e Moura ainda não tiveram o 
sequer o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação publicado, apesar de pronto.

Nos solidarizamos com os quilombolas e exigimos que o governo federal atue com isenção,
 promova o entendimento ao invés de favorecer os planos da mineradora, e garanta uma 
consulta realmente livre, prévia e informada reconhecendo e respeitando o modo e o
 tempo dos quilombolas tomarem suas decisões, conforme garante a Convenção 169 da OIT.

29 de agosto de 2014

Firmam a presente nota as seguintes organizações

Dom Bernardo Johannes Bahlmann, Bispo da Diocese de Óbidos
Comissão Pró-Índio de São Paulo 
Malungu - Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de
 Quilombo do Pará
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - Abong
Coordenação Nacional de Entidades Negras – Conen
Movimento Nacional Pela Soberania Popular Frente à Mineração- MAM
Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – FBOMS
Processo de Articulação e Diálogo - PAD
Rede GTA
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB
Movimento Sem Terra - MST
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - CONIC
Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil – FEACT Brasil
Comissão Pastoral da Terra – CPT Nacional
Associação Juízes para a Democracia 
Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc 
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - Ibase
Associação dos Remanescentes de Quilombo de Peafú 
Associação das Comunidades Quilombolas do Município de Óbidos
Federação das Organizações Quilombolas de Santarém 
Pastoral Social de Óbidos                                                  
Comissão Pastoral da Terra de Óbidos
Comissão Pastoral da Terra de Santarém
Comissão Pastoral da Terra de Itaituba
Congregação do Verbo Divino
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira 
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alenquer 
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Oriximiná 
Comissão Atingidos pelas Barragens do Rio Trombetas 
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará - Cedenpa
Justiça nos Trilhos
Fórum da Amazônia Oriental 
Oficina Escola de Lutheria da Amazônia 
Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena
Centro de Trabalho Indigenista 
Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB
Conselho Indigenista Missionário - Cimi
Coordenadoria Ecumênica de Serviço - CESE
Pastoral Afro-brasileira
Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE
Abrace a Serra da Moeda 
Movimento Ame a Verdade
Associação Alternativa Terrazul 
Brigadas Populares
Centro de Cultura Negra do Maranhão
Criola
Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular 
Movimento Debate e Ação - MdA 
Movimento de Saúde – MSP MA
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - Cedefes
As Irmãs de Notre Dame de Namur
Centro de Estudos Bíblicos – CEBI
Fórum Carajás
Justiça Global
SOS CORPO - Instituto Feminista para a Democracia
Movimento Xingu Vivo Para Sempre
Movimento Negro de Altamira
Movimento de Mulheres do Campo e Cidade Regional Transamazônica e Xingu
Coletivo de Mulheres de Altamira
Instituto Brasileiro de Educação, Integração e Desenvolvimento Social – Ibeids
Observatório dos Conflitos no Campo/UFES
Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA/UFMG
Comitê Quilombos da Associação Brasileira de Antropologia
Grupo de Estudos Desenvolvimento Modernidade e Meio Ambiente/UFMA
Grupo de Pesquisa Historicidade do Estado e Direito/UFBA
Grupo Mulher Maravilha
Instituto Socioambiental - ISA
Terra de Direitos
Instituto Universidade Popular – UNIPOP
SOF – Sempreviva Organização Feminista
Operação Amazônia Nativa – OPAN
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Juruti
Associação Rádio Comunitária de Oriximiná – RCO 
Associação das Famílias da Casa Familiar Rural de Óbidos
Consultoría para los Derechos Humanos y el Desplazamiento – CODHES (Colômbia)
ADDAF – Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade 
Articulação Antinuclear Brasileira
Associação de Conservação Ambiental Orgânica - Santa Maria de Itabira
Associação das Vítimas do Césio 137
Articulação dos Atingidos pela Mineração do Norte de Minas 
Associação Alternativa Terrazul
Associação Brasileira de Reforma Agrária
Associação Para a Recuperação e Conservação Ambiental 
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – AMAR
Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC
Associação de Saúde Ambiental – TOXISPHERA
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – APREMAVI /SC
Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale 
Associação PRIMO - Primatas da Montanha
Brasil Pelas Florestas
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG
Coletivo Margarida Alves
CEPASP – PA
Campanha Pelas Águas e contra o Mineroduto da Ferrous
Cáritas Diocesana de Sobral – CE
Cantos do Mundo
Consulta Popular
Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Centro Franciscano de Defesa dos Direitos
Centro de Ecologia Integral de Betim - CEIB
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI
CSP- Conlutas
Conselho Pastoral dos Pescadores
Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA) de Caetité
Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – Montes Claros MG
Evangélicos Pela Justiça
Educafro Minas
Frente de Luta pelos Direitos Humanos
Grupo de Extensão Universitária - Organon (UFES)
Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte - GPEA/UFMT
Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá)
Greenpeace
Grupo Franciscano de Educação Ambiental
Guará – Associação dos Guardiões da Rainha das Águas
Hutukara Associação Yanomami (HAY)
Instituto Caracol - iC
Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS
Juventude Atingida pela Mineração - PA e MA
Juventude Franciscana do Brasil – JUFRA
Justiça Global
Levante Popular da Juventude
Marcha Franciscana
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento pela Moralidade Pública e Cidadania - Ong Moral MT
Movimento pelas Serras e Águas de Minas 
Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Movimento Guará e Xô Mineradoras
Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania
Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté - MACACA (Caeté/MG)
Movimento dos Atingidos pelo mineroduto Minas-Rio de São Domingos do Prata – MG
Marcha Mundial de Mulheres
Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (NINJA)-  Universidade Federal de São João del Rei
Observatório dos Conflitos do Extremo Sul do Brasil – RS
Ordem Franciscana Secular – OFS
Pastoral da Juventude Rural - GO
Pedra no Sapato
Pastorais Sociais / CNBB
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Cearense de Juventude pelo Meio Ambiente – RECEJUMA
Rede Axé Dudu
Rede Brasileira de Ecossocialistas
Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental – REMTEA
Rede Causa Comum
Rede Franciscana de Justiça, Paz e Ecologia - Sinfrajupe
REAJA
Rede Brasileira de Pesquisas em Nanotecnologia
Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE
Serviço Verbita (SVD) de JUPIC
Secretariado de Missão e Evangelização da Província Franciscana Santa Cruz
Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação - OFM/PSC
Sindiquimica - PR
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Açucena - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simonésia - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás – PA
Sindicato Unificado da Orla Portuária - SUPORT ES
Serviço Interfranciscano de Ecologia e Solidariedade – SINFRAJUPE
Sindicato Metabase Inconfidentes
SOS Serra da Piedade (MG)
UNICON - Unidos Por Conceição
VIVAT International

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